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sábado, 5 de agosto de 2017

Preste atenção aos pequenos detalhes


Como eu falei antes, eu gosto de ser escritora porque eu consigo soar muito mais inteligente escrevendo, não que na maioria das vezes eu não faça as coisas intencionalmente em meus textos, mas algumas vezes saem frases muito boas, ideias muito boas, que só depois da interpretação que eu vejo que disse uma coisa interessante sem querer.

Eu não vou falar sobre esses casos, foi só uma maneira de começas o texto. O que me deu ideia para escrever agora foi uma das lembranças que apareceu no meu Facebook, uma frase que eu escrevi que trata sobre outro período da minha depressão, não aquele do qual eu já falei, que foi o começo, mas um dos momentos em que eu ainda estava lutando pra me manter inteira.

A frase que me apareceu foi a seguinte:

"Eu percebi o quão horrível sou como pessoa... Eu caminho de costas para o futuro, não porque eu tenho medo dele, mas pra apagar minhas próprias pegadas e garantir que ninguém encontre onde eu estou..."  (04 de agosto de 2015)

Não faz tanto tempo assim, né? E sabe o que me fez começar a escrever sobre essa frase aqui? Ela estava no meu mural do Facebook, pessoas curtiram essa frase, mas ninguém me perguntou se eu estava bem.

Ok! Eu não vou ser injusta aqui, algumas pessoas, as mais próximas, com quem eu já tinha conversado sobre minha doença nessa época, sempre que eu escrevo alguma coisa assim, me perguntam se aconteceu alguma coisa, se eu estou bem. Mas eu falo de todas as pessoas no geral, que costumam não perceber os mínimos sintomas da depressão nas pessoas a sua volta. Às vezes, você conhece alguém que tem a doença e, mesmo que você realmente se importe com ela, você não vê a verdade por trás das palavras e ações.

De repente, um amigo seu anda muito calado, não sai mais com você, anda "sumido" das redes sociais e você julga que ele está só muito ocupado. Às vezes, você lê uma frase triste, que uma amiga sua compartilha de um poema ou de uma música e você só continua olhando todas as atualizações das muitas outras pessoas que você tem adicionado...

Eu sei que o fato de ser escritora confunde muito as pessoas. Às vezes, eu escrevo uma coisa assim no Facebook e nem é como eu estou me sentindo, mas sobre alguma coisa que eu estou escrevendo. Já tem um texto aqui no blog sobre o quanto é difícil conviver com um escritor. É difícil separá-lo da própria obra, eu também tenho essa mesma dificuldade. Por isso que quando eu termino de escrever alguma coisa nova, meu processo de luto é tão doloroso; por isso que, quando estou muito concentrada num texto, num livro, eu sinto todas aquelas coisas de que eu falo... Escritores são a própria arte e, mesmo que eu não esteja sentindo, eu estou. É confuso, eu sei.

Todas as emoções num livro não seriam tão fortes e tão vivas na hora da leitura se o escritor não as conhecesse! Escrever é a arte de despertar emoções com palavras e é um tanto delicado fazer isso sem cometer erros terríveis!

No momento, eu não me lembro mais porque me julgava uma pessoa horrível, não me lembro mais porque não queria ser encontrada pelas outras pessoas. Mas eu me lembro de sentir tudo isso, de me sufocar nesse sentimento de querer me perder ainda mais dentro de mim e dá pra ver nessa frase que não estava bem.

Mas o mais importante de ela estar aberta as outras pessoas é que eu queria ajuda, queria que percebessem que eu não estava bem, queria ser salva de mim mesma! Eu estava começando a ficar pronta para falar a respeito da minha depressão; ainda assim, demorou dois anos para que eu começasse a falar sobre isso!

Vejo vocês na próxima
Déborah Felipe

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