Voltando às poesias que eu expliquei muito por cima quando as coloquei em meu "Poetry Time" do Cause I'm a Writer, eu encontrei mais uma que se encontra na mesma categoria das Poesias Cinzentas.
Poesia do dia 14 de janeiro de 2010 (quinta-feira)
Agonizando
Eu me sinto tão vazia que mal posso chorar.
A minha alma aqui dentro está se rasgando.
Em parte alguma, eu sinto a dor parar.
É terrível me manter respirando.
Eu sinto o ódio rangendo os meus dentes,
Sinto a dor profunda me despedaçando,
O gosto de sangue e de culpa em minha boca, bem quentes,
A loucura corre em minhas veias, me incitando.
O Espelho provocante torna-se mais demoníaco
Diante dos meus olhos, me ludibriando,
Debochando do desesperado batimento cardíaco
Do meu frágil coração ainda pulsando.
O meu viver quer rapidamente se acabar,
Se render teatralmente ao que vai me matando.
Eu quero, eu preciso de lágrimas pra chorar,
Pra jogar fora o que está definhando.
Já estou farta de fingir tudo aguentar,
Porque eu não vou mesmo acabar ganhando!
A quem eu estou tentando enganar?
Qualquer um sabe o final que está me esperando...
Uma parte de mim, desejava viver...
Quando foi que ela foi se acabando?
Que triste fim que a fez esquecer
A sua força pra continuar lutando?
As rimas mancham esse simples papel,
A fria realidade está agora despontando...
Um autorretrato tão cruel
Dos sonhos lindos evaporando...
Foi a falta de fé, de confiança?
Foi isso que um monstro acabou criando?
Um devorador de almas, de esperança?
Isso que agora eu vou me tornando?
É um novo e assustador quarto escuro...
Uma pura e inocente criança brincando...
Traços do triste vislumbre do futuro
Que com o subir das cortinas está começando...
Essa foi a única poesia que eu escrevi em 2010, um ano muito mais próximo de quando eu entrei em Depressão do que agora. Eu começo a poesia já falando sobre me sentir vazia e não conseguir chorar, o que é mais do que explicação por si mesmo e depois eu falo sobre a dor profunda me despedaçando e o sabor de sangue e de culpa, tudo isso está relacionado a Depressão.
"O meu viver quer rapidamente se acabar,
Se render teatralmente ao que vai me matando."
Eu ainda tinha na ideia que a saída para acabar com a dor era morrer, mesmo nessa época eu já estar completamente focada em escrever e em buscar melhorar. O caminho que eu tinha pela frente ainda era longo e eu mal tinha começado. É muito fácil cair em tentação de desistir.
No final da minha explicação quando eu postei essa poesia da última vez, eu disse uma coisa muito interessante que eu vou repetir aqui:
"... aquela criança inocente e sonhadora, que voava com as asas malfadadas da rosa da manhã se transformou num monstro devorador de almas e de esperança".
Usando minhas próprias metáforas para explicar sem dizer absolutamente nada! Palmas! A criança, que era eu, nas "asas da manhã", a infância malfadada por sempre ter de terminar, foi transformada pela doença no monstro da Depressão.
Eu estou gostando de refazer essas análises e falar abertamente sobre o que se passava comigo nessa época. Espero que vocês também gostem!
Vejo vocês no próximo
Déborah Felipe