Uma vez eu escrevi que quando não acreditasse mais em finais felizes, eu guiaria em busca de uma nova fé. Essa é a verdade sobre minha escrita: raramente eu desisto de um "final feliz". Não é exatamente um final de contos de fadas, mas, ainda assim, eu não fujo muito dessa ideia...
Se o final que eu tenho em mente é realmente muito bom ou cumpre o propósito que eu desejei pro livro, claro que eu não vou ser teimosa a ponto de descartá-lo porque prefiro a felicidade à tristeza, mas é sempre bom se esforçar pra que as coisas terminem bem.
Eu já contei por aqui que meus finais são um resultado da minha "lógica da construção", um evento que sucede o outro que sucedeu o outro e assim por diante. Mas, uma hora o fim tem de chegar, bloqueando a possibilidade (parcialmente, porque nunca se sabe...) de uma nova sequência.
Eu falei muito complicado? Eu falei muito pra falar basicamente que o fim precisa chegar porque sim *ri* Cabe a cada autor justificar seus próprios fins, assim como seus meios e começos, mas por menos que os leitores gostem disso, não é fácil escrever uma mesma coisa pra sempre.
Recentemente, eu ganhei de presente de aniversário da Ana o último livro do Pedro Bandeira, "A Droga da Amizade", dos Karas e ele se encaixa tão bem nesse meu texto de hoje que eu estou surpresa *ri* Depois de muito tempo, ele voltou a escrever sobre esse grupo de amigos porque sentiu que eles precisavam de um final, um " o que aconteceu depois?"...
Acho que todo escritor gosta disso tanto quanto seus leitores... O que eles fizeram depois da última página? O que se tornaram, com quem se casaram? Eu também já contei aqui que escritores sempre sabem todas essas respostas, mesmo que não estejam nos livros e elas sempre conseguiriam com facilidade preencher outro grande punhado de livros, só não seria prático para o próprio autor.
Decretar um fim ou sentenciar a um fim é libertador, apesar de triste.
Por isso também que eu gosto de "finais felizes": é um jeito de se consolar que acabou, de seguir com a vida sem aquele peso no coração... Quando você sofre com um personagem e compartilha de seus pensamentos e experiências, você simpatiza com ele e ele se torna uma parte de você, quase como se a dor dele se tornasse a sua dor e a felicidade dele, a sua felicidade... Um final feliz é a esperança pro autor e pro leitor e não tem nada que seja maior na responsabilidade de um escritor do que a esperança para o seu leitor!
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas"
Antoine de Saint-Exupéry
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