Acho que o sentimento de abandono é tão intenso em pessoas com Depressão quanto o de solidão em si. As duas ideias podem parecer ser a mesma coisa, mas não são, porque muitas vezes nos sentimos sozinhos quando outras pessoas estão a nossa volta, mas quando nos sentimos abandonados é outra coisa.
A poesia de hoje também é de antes da Escuridão aparecer escancarada, ela ainda brincava em suas sombras com meus sentimentos esmigalhados.
Abandono
O meu choro desesperado,
O choro de criança perdida.
A dor do corpo machucado,
Da inocência sem vida...
Eu quero de volta a Liberdade,
De volta os dias ensolarados...
Sobreviver a toda realidade
É tão ruim quanto meus pecados...
Não estou pronta pra seguir,
Mas parar é quase como morrer...
Como eu posso continuar a fingir,
Se não teve importância meu querer?
Eu sou o elo fraco da corrente,
Imaturo, amargurado e sensível.
Sangrando o coração, a dor que sente,
Se acorrenta no silêncio, intangível.
Apesar da Escuridão não está dita aí, ela vem na imagem da falta dos "dias ensolarados", mas acho que o caracteriza completamente essa poesia como cinzenta é a última estrofe: "Eu sou o elo fraco da corrente/ imaturo, amargurado e sensível/ sangrando o coração, a dor que sente,/ se acorrenta no silêncio, intangível".
É interessante que eu tenha usado sensível e não insensível, não é? A doença te faz sentir muito tudo o que é ruim, por isso dói tanto, por isso se quer morrer.
Lembra que eu falei sobre manter meus monstros dentro de mim? Quando eu contei a história do pássaro sem asas? "Se acorrenta no silêncio, intangível". Cada pedaço vai montando aos poucos o quadro todo.
Vejo vocês no próximo
Déborah Felipe
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