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sábado, 26 de agosto de 2017

Revisitando as Poesias sobre minha Depressão - Morte


Como eu disse na última poesia que eu coloquei aqui, eu realmente não estava escondendo tão bem quanto eu pensei minha Depressão e os desejos de morrer que eu tinha nessa época e isso fica evidente na poesia de hoje, chamada Morte.

Poesia do dia 26 de junho de 2008 (quinta-feira)

Morte

Doce névoa tão silenciosa,
Que o amargo brilho vem roubar.
Satisfeita com a magia culposa,
Que fez o meu feitiço se quebrar.

O desejo de o descanso retornar
Foi embora sem se despedir.
Para todo sentimento transformar
Sem deixar vestígio do sentir...

Eu já escrevi palavras belas,
Já lutei pelas noites sem luar,
Por brilhos perdidos de estrelas,
Por cavaleiros errantes a criar...

O Tempo, inimigo do pecado,
Da rosa da manhã tenta esperar
A cura da esperança neste fado
Que permite a alma transbordar.

Os olhos do abismo infinito,
Algemas do cárcere profano,
Consegue matar esse espírito,
Com torturas de um demônio insano.

Doce perfume que denuncia a morte,
Inimigo que não pode se vencer,
Que no mundo deixa a nossa sorte,
Enforcados no destino de viver...

"Enforcados no destino de viver". Esse verso explica melhor do que todos os textos que eu já coloquei aqui sobre a Depressão porque é que ela acaba nos conduzindo ao desejo de Morte. Conviver com a doença é muito difícil, muito doloroso e só o que se quer é que a dor passe. Viver é o problema e por isso mesmo que muitas pessoas pensam em morrer. Não necessariamente todos vão até o fim, como eu por exemplo, mas um número muito grande vai! E não dá mais pra viver sem pensar o que poderia ser dessas pessoas se elas tivessem tido ajuda!

Eu falei no texto original do Poetry Time que eu tinha colocado nessa poesia o verdadeiro duelo que causava todo esse tormento, que é entre a Rosa da Manhã, que representa a infância, e o Tempo, que não espera por ninguém e que, por mais que cure muitas das nossas feridas, também causa grande parte delas!

No post eu também falei uma coisa que, só porque eu não usei o termo "Depressão", eu realmente acreditei que não estava falando sobre isso. O trecho é o seguinte, sobre a penúltima estrofe:

"Eu gosto muito do verso "Os olhos do abismo infinito" porque ele tem uma relação com a frase de Nietzsche: "Quando você olha muito tempo para o abismo, o abismo olha pra você". É aquele momento em que dentro de você só existe escuridão e você acaba descobrindo o que há de pior em você..."

Como eu sempre digo, a Escuridão é a doença e ela usa o que há de pior em você pra te torturar!

Vejo vocês no próximo
Déborah Felipe

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