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quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Revisitando as Poesias sobre minha Depressão - Metamorfose


Como eu já disse por aqui, nessas minhas poesias cinzentas eu usei a metáfora da "metamorfose" de uma maneira diferente porque eu realmente fui mudada pela doença, mas isso não me causou coisas boas, não foi libertador e a poesia de hoje é sobre isso!

Poesia do dia 25 de julho de 2008 (sexta-feira)

Metamorfose

Eu estou caindo, caindo, mudando...

Quero me perder pra conseguir me encontrar.
Corrente por corrente, estou me libertando,
São as piores experiências que nos fazem melhorar.

Eu já não tenho mais asas, mais suporte,
Não tenho forças, nem no que acreditar.
Sozinha, já não sou mais assim tão forte,
Mas os caminhos se perdem sem nos avisar.

As nuvens negras já passaram e o que restou?
Resta ainda a dor que me causaram,
As perdas e os sonhos que me roubou,
Sem saber, desamparada, me arrasaram.

O sol de um novo dia perde o brilho da esperança
Aos olhos desencorajados do meu sofrimento.
Calada, choro as chagas, sem confiança
Sem jamais reclamar o meu contentamento.

Doce boneca, como aguentar a vida inexistente?
Como aguentar tanta angústia, tanta Escuridão?
A luz que eu busco é um reflexo aparente
De sonhos que padecem na minha ilusão.

A minha fragilidade tem que ser calada
Porque ninguém entende o que eu sinto.
Não é suficiente ouvir que toda queda será superada
E é só pra não ouvir isso que eu minto...

Eu coloquei nessa poesia tudo o que eu representava da minha Depressão, a criança sem as asas da infância, a Escuridão como a própria doença, sempre presente, os sonhos se perdendo em ilusão, a falta de entendimento do que eu sentia.

No texto do Poetry Time, eu falei sobre a "doce boneca" do primeiro verso da penúltima estrofe, "que tanto pode ser atribuída as remanescências da infância, quanto a si mesma, uma criatura de sorriso pintado e peito vazio". Na época eu disse "o eu-lírico". É interessante voltar aos textos e ver quanto eu estava fugindo do assunto, quanto eu estava escondendo e esse é o principal motivo de estar escrevendo tudo isso de novo. De quem eu estava escondendo? As poesias eram todas sobre Depressão e eu só tentava camuflar o que eu não queria ver.

Vejo vocês no próximo
Déborah Felipe

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