Eu realmente gosto dessa poesia, acho que foi uma poesia que eu escrevi já pensando nas coisas que eu tenho contado por aqui, sobre a construção, sobre a continuidade e a coesão com algumas das anteriores, sobre sentido...
Simplesmente amo os dois últimos versos da segunda estrofe: "Abandonar nossas asas mal fadadas/ Pra encarar no espelho o que não seríamos". Deixar pra trás a infância e encarar o que temos de ser deve ser uma das coisas mais difíceis de fazer na vida e eu gosto de como essa frase expressa isso da maneira certa!
Mas eu realmente acho que a terceira estrofe é a mais legal: "Ah, espelho demoníaco me aguardando.../ Sorrindo na espreita por me ver tão ansiosa./ Um sorriso triste da liberdade se apagando,/ Na mão, as despetaladas partes de minha rosa." Sempre coloquei a "rosa" como a infância, assim como as "asas" e a "manhã" e ter uma figura, um "espelho demoníaco" que, além de mostrar aquilo que não escolheríamos ser, ainda nos encara sorrindo com essa rosa despetalada é realmente assustador...
Acho que é uma das minhas poesias mais profundas, pelo menos pra mim...
Uma última coisa, antes de seguir para a poesia, que tem tudo a ver com os textos do "Cause I'm a Writer": minha prima me mandou uma palestra da Elizabeth Gilbert, escritora de "Comer, Rezar, Amar" muito interessante sobre o processo criativo de um escritor que merece ser apreciada! Ela me emocionou de verdade!
http://www.ted.com/playlists/170/kickstart_your_creativity?utm_content=buffer933db&utm_medium=social&utm_source=facebook.com&utm_campaign=buffer
Poesia do dia 02 de fevereiro de 2009 (segunda-feira)
Em Vida
A vida nos obriga a fazer um estranho curso
E a não perceber as transformações do caminho,
Encaramos como nossa decisão aceitar o último recurso,
Surpreendendo o final chegar sozinho.
Tantas coisas tem de ser deixadas...
Escolhas que, por fim, nós não faríamos...
Abandonar nossas asas mal fadadas
Pra encarar no espelho o que não seríamos.
Ah, espelho demoníaco me aguardando...
Sorrindo na espreita por me ver tão ansiosa.
Um sorriso triste da liberdade se apagando,
Na mão, as despetaladas partes de minha rosa.
Minha tão delicada rosa da manhã
Que agora, no poente, jaz partida.
Consomem-se as asas numa noite vã,
Não se regeneram nessa despedida.
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