Quando
estava na terceira série do primeiro grau, li um texto de Drummond chamado Um
Escritor Nasce. Eu achei um texto muito engraçado na época, pois ele dizia
ter nascido numa tarde de julho, numa aula de geografia. Eu não compreendia o
que queria dizer, afinal, o que se compreende de Drummond, literatura ou do
mundo aos nove anos? Mas nunca me esqueci daquele texto.
Tornei a lê-lo mais tarde e finalmente ele me encontrou e eu encontrei o seu
significado. Por mais que Drummond falasse de si mesmo, ele também falava de
mim.
Eu não nasci numa aula de geografia, simplesmente nasci, primeiro num verso,
depois numa rima e só então, um poema. E o primeiro se chamava Soneto da
Culpa, como me esquecer dele?
Quando percebi, já não conseguia mais parar, escrever era muito mais que um
vício, era uma necessidade, minha segunda natureza. Eu estava sempre com uma
caneta na mão. E no papel, eu não só vivi minhas aventuras e sonhos, despejei
nele todos os meus pensamentos e sentimentos.
Cada vez que termino de escrever um poema ou uma história, eu leio e é uma
coisa nova, fantástica, que me surpreende e emociona, como se eu não
conhecesse, como se fosse de alguém que muito admiro. E é.
Eu acho corajoso escrever, porque é a única arte que não se ensina, não há
técnica, ou se tem ou não se tem o dom, nasce-se com ele.
Esse texto poderia ter sido escrito por qualquer autor, conhecido, experiente,
vivido. Calhou de ter me caído em mãos e nos meus dezoito anos poder relatar
uma história parecida com aquela de Drummond. Porque nasci!
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