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domingo, 3 de setembro de 2017

Revisitando as Poesias sobre minha Depressão - comparação


Eu falei ontem que ia terminar as análises de poesias, mas eu resolvi fazer uma última coisa aqui: colocar a primeira poesia que eu escrevi sobre minha Depressão e a última.

Poesia do dia 01 de março de 2008 (sábado)

Soneto do Desespero

Presa em minha alma, vejo a morte.

Angustiada no calabouço do contentamento,
Sem saída, nesse meu confinamento,
A dor e o tormento da minha sorte...

Trancafiada na densa insanidade...
Como consegue erguer-se da loucura?
Como foge da queda sem fratura?
A alma inteira na sua humanidade?

Engole o sofrimento sem pesar,
Que o homem se faz forte na fraqueza...
Engole, o sofrimento vai passar...

Não se renda à angústia da incerteza,
Que o desespero não pode dominar
A intensa luz da sua natureza...


Elas tem seis anos de diferença exatamente e isso foi uma surpresa muito louca agora que eu estou escrevendo esse post! Outra coisa que eu achei muito interessante é que a primeira é um soneto e a última é essa estrutura diferente que eu gostei de escrever nas últimas vezes (que eu na verdade não sei se tem um nome), elas são estilos diferentes, mas elas se parecem em tantas coisas!


Poesia do dia 1 de março de 2014 (sábado)

Shadows

Antes, tudo era escuridão

E eu vivi nela até meus olhos se acostumarem
Com vultos, vi imagens se formarem...
Achei que aquilo era visão!
Achei que dava para as luzes me encontrarem...

O caminho era longo, o fim, distante,
Muitas vezes, tropecei e caí...
Não havia muito mais que sentir...
Havia só a promessa farsante
De um dia verdadeiramente existir...

Na escuridão, não há asas, não há flor.
A escuridão é o oposto do amanhecer.
Na escuridão, não se pode nem mesmo morrer...
Mas a morte não se afasta e está na dor...
A escuridão não é mais que sofrer...

Esse lugar faz chover incessante
Ou talvez seja só o meu desejo...
A chuva não é luz, mas me vejo
E a escuridão não perdoa o instante,
Não perdoa meu pequeno lampejo...

Minha chuva, a tristeza não afoga,
Desolação que sufoca meus passos,
Ofegante, eu caio aos pedaços...
Minha alma pela luz roga,
Sem forças, me carrego em meus braços!


"A intensa luz da sua natureza..."
"Minha alma pela luz roga"
"A alma inteira na sua humanidade?"
"Sem forças, me carrego em meus braços!"

Espero vê-los no próximo
Déborah Felipe

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